Talvez o leite derramado seja uma metáfora apropriadíssima para o momento. Imaginemos que são várias as maneiras que o leite pode escorrer de seu recipiente.
1.Pode acontecer da quantidade de líquido ser tamanha que o recipiente não mais o tolerar. Ele vai se enchendo pouco a pouco, aguentando, recrudescendo suas laterais, mas não adianta, vazará.
Passou dos limites que ele suportava.
2.Pode acontecer do recipiente cair. Neste momento não me vem outra imagem senão a de um grande jarro de vidro, desses bem fininhos, se estilhaçando, caquinhos que vão se misturar ao leite que escorre.
Não chegou na possibilidade total, capitulou antes disso.
Mas que banalidade tratar sobre o "leite derramado", dirão. Duvide das soluções simples, nada é simples quando se tratam de sentimentos, principalmente o mais intenso deles, o irmão do ódio; o amor.
2 comentários:
É, esse tal amor pode render boas conversas e metáforas mesmo. Segui seu conselho e comprei o livro; veremos!haha
Du, caríssimo,
Fico realmente fascinado de perceber que seu blog enveredou para uma outra direção, menos pessoal, menos particularista e mais universal, mais ampla. Talvez seja por isso que esse post me surpreendeu pois ele se afasta do seu assunto de interesse geral mais recorrente (a política, seu território preferencial) e envereda para a crítica literária (território no qual eu alegremente me perco). Nesse ensaio você se revela um comentarista sensível, capaz de construir uma linha de interpretação leve e fluida que, mesmo impregnada de subjetividade, não se torna em momento algum uma declaração hermeticamente fechada na dimensão da sua experiência afetiva pessoal. Em outras palavras, parece-me que você deixou de escrever exclusivamente apenas para você mesmo e para seus amigos íntimos e começou a escrever para os seus leitores, sejam eles quem forem e estejam eles onde estiverem. Caríssimo, fico orgulhoso desse novo momento e desejo que ele dure muito, que ele dure, quem sabe, por uma carreira inteira.
Postar um comentário