terça-feira, 11 de outubro de 2011

Chame o ladrão!

Não poderia ficar calado após o que aconteceu na última madruga de domingo em Andradas.
Para os que não estavam na cidade e não presenciaram os momentos de horror, conto-lhes o resumo.

Um rapaz brigou dentro do Clube Rio Branco e foi expulso pelos seguranças: medida normal e corriqueira. No entanto, ele ficou irado com essa atitude e começou a atirar pedras, tijolos e outros objetos na fachada do clube, que ficou totalmente destruída. Cerca de 20 pessoas participaram da ação digna de faroeste.

Mas, perplexo leitor, o que mais causou fúria foi o procedimento da Polícia Militar de Minas Gerais. Quando me dei conta da proporção das cenas que estava presenciando, decidi filmar tudo. os PMs demoraram mais de 30 minutos para chegar até à ocorrência, o que caracteriza uma omissão tremenda. Não obstante, um dos homens pediu para que eu saísse do meio da rua. Respondi-lhe de que a rua era um espaço público e que eu desfrutava desse direito. Mesmo assim ele não se convenceu de meu "argumento" e disse que pública era a calçada. Obedeci e fui até a calçada.

Passados alguns minutos houve a tentativa de imobilizar o principal arruaceiro que havia liderado o "ataque" ao clube. Neste momento fui próximo aos policiais para registrar o momento. Como vocês podem atestar no vídeo, os "espectadores" clamam para que a Polícia faça com que eu pare de gravar por estar "atrapalhando". Neste momento um deles vem até mim, empurra-me três vezes com um cacetete e toma o celular de minha mão. Totalmente alterado e despreparado o mesmo policial disse que eu estava "conturbando" a situação e que se eu não me retirasse de imediato seria preso. Queria saber em qual delito do código penal eu me enquadro nesta situação, pasmo leitor?

Vocês podem imaginar o tamanho da minha indignação. Quem é pago para nos proteger e assegurar os direitos básicos, nos priva deles em nome do uso da força do coldre.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O contador de histórias

Saravá, caro leitor. Há quanto tempo já não sento aqui para trocar algumas impressões e fazer com que pensemos mais sobre um assunto qualquer. Podem dizer que sofro da ingratidão para com meu companheiro de copo. Assumo a dívida e espero me eximir daqui pra frente com boas novas.

Cansado de somente escrever sobre as mazelas da Capital, sobre as desventuras do ser humano, resolvi escapar da rotina.

Vamos ao que interessa.

Não nos soa confortante quando nos vemos retratados na história de outrem? Reflitam comigo: um colega começa a contar sobre a grande viagem que fez à China, daquele destemperança no trânsito, da reunião de família, dos amores. Não só nos traz a noção de que os fatos nunca estão isolados no mundo e mais do que isso, de que todos nós, de alguma maneira, fazemos parte de uma ou outra história.

Um bom contador delas consegue lhe transportar para o relato dele. Introspectivo leitor, já lhe ocorreu de no meio daquela conversa despretenciosa você escutar aquele "estalo" e perceber que aquela história não pertence ao emissor, mas a você mesmo?!

Fiz essa digreção para lhe trazer um problema de ordem técnica, e aqui sua ajuda me será útil.
O bom contador de histórias consegue fazer delas todas um ensejo para organizar ideias. Conforme ele conta, coloca os pingos nos "is" e realoca aquilo que outrora era confuso. No entanto, ele pode o fazer de maneira totalmente equivocada, para não dizer que ele flerta com o irreal. Você, que se via ali, aplacado pela realidade crua do conto já vislumbra um outro ente. Trocando em miúdos: falsearam o mundo real das lembranças. O que fazer? Eu já não sou mais o ente de carne e osso que viveu aquele momento, muito menos o ser que sai pelas palavras daquela boca. O ente de outrora já também não encarna na cabeça do emissor como deveria. Ele é fruto de esquecimentos, algumas pitadas de imaginação e reflexões "a posteriori" que o fazem quase um rascunho perdido.

Vejo-me por muitas vezes assim; um rascunho perdido na cabeça de muitos.
Entro pela porta da frente, como sempre fiz, mostro meu rosto, velho conhecido, peço o mesmo chopp, a mesma porção de bolinho de bacalhau, uso as mesmas calças jeans de anos, aquela camisa preta lisa, a mesma barba por fazer. Por dentro já não mora o rascunho, nem o ente de carne e osso do passado. Como me apresentar? Como fazer para tentar mudar a impressão de sempre?

Se você souber como, me dê a chave desta problemática.
Já não sei se sou um ou outro.