terça-feira, 22 de setembro de 2009

História de uma conscupiscência desafortunada

O casal era jovem, estavam apaixonados. Não se tratava de um homem sério e uma moça recatada, pelo contrário, Henrique e Aline formavam uma dupla que exalava libido. O famoso clichê fogo e gasolina, que não sei por quem foi criado, deve ter se inspirado nos pombinhos, ou diabinhos, como preferirem.

Juntos, eles escreviam um capítulo novo a cada fim de semana. Os amigos se reuniam na segunda feira para escutar as excentricidades que Henrique e Aline faziam questão de propagar aos sete ventos. Porém, numa certa segunda feira, fez-se silêncio e as risadas de outrora se transformaram em bochechas rosadas e vergonha, muita vergonha. Explico, caro leitor.

O dia era 12 de junho, dia dos namorados. Ele queria dar-lhe a noite mais feliz de sua existência. Ela queria jantar, mas também não abria mão da volúpia encarnada em seus desejos.

Jantaram. Preferiram algo leve; ostras. Beberam. Baco lhes reservou um delicioso espumante. Explosão. Salta a rolha e o brinde se torna o ensejo para uma noite bem mais longa.

No carro, os quereres se tornam insustentáveis. O motel é proposto. Mas para qual iriam? Para o primeiro que vissem, curioso leitor, penso que compreenda do que falo.

Motel Obsessão. Suíte com banheira, cama giratória, espelho no teto (como se tudo isso fosse necessário). A cama, inclusive, era em formato de coração, vermelha, daqueles tons que até doem os olhos. Barry White nas caixas de som embalou os pervertidos. Henrique e Aline, ou Aline e Henrique, não se sabia mais qual corpo era de um e de outro. Ele liga a cama giratória. Velocidade baixa para curtir uma visão mais panorâmica. Velocidade média. Preocupação. Velocidade alta. Problema. E não cessa. Parecia que estavam em algum twister de parque de diversões. Aline começa a sentir contrações estomacais. Melhor abandonar o “ninho do amor” e tentar outro lugar.

Um banho é sugerido. A jacuzzi comportava um time de futebol, com o técnico, mas um casal era mais que suficiente. Ligaram-na e mesmo tanta água não lhes apagou o fogo. Boa temperatura. Água na altura da barriga, de repente na altura no peito, e agora já na altura do queixo. E a torneira não para de jorrar. O quarto vai se tomando por um espelho d’água constrangedor.

Henrique, desconcertado, pensa em ir à recepção para sanar os percalços. Quando abre a porta, se depara com um homem peladão, andando como Adão pelos corredores, provavelmente tinha descoberto a vida naquele momento. Ridículo.

Por essas tantas, Aline se cansara, o que mais queria era o fim daquela noite, antes que alguma coisa piorasse. A conta foi pedida. Henrique passa a mão no rosto, desolado. O execrado e desejado dinheiro tinha se esvaído todo com o jantar. O que sobrara era o dinheiro da pinga, aqueles trocados miúdos, ébrio leitor.

A quem recorrer? Os amigos tinham ido pra praia. Os primos estavam morando em outra cidade. Voltaram às origens: papai e mamãe, dele, claro. Aline queria enfiar a cabeça em um buraco. Henrique administrava o seu desconcerto com certo regozijo de seu pai.

Encerrada a conta, era hora de esquecer aquela inesquecível noite. O carro estava com as chaves dentro. Perfeito.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Desconstrução

por seis mãos

"Faber", do latim, é construir. Talvez o nome Fabrício signifique um obreiro, um construtor. Mas o que ele constrói?

Ele pode usar sua capacidade de construir para o bem ou para o mal. Pode construir uma muralha da China, mas também pode construir um muro de Berlim.
O Fabrício que conhecemos, por natureza, e aí me utilizarei da psicologia de boteco, constrói barreiras. E isso não é necessariamente ruim. Ás vezes é fascinante.

Ah, mas o que são barreiras sem ninguém para guardá-las? De que serve uma muralha, um muro, ou cerca se não há por quem resistir? E se não há quem proteger? Porque existir?

Penso que as barreiras que ele levanta são feitas de algo diferente de concreto e tijolos. São barreiras que tem a sua essência na casa das idéias. Você pode entrar na sala, dar bom dia e ir embora. Se for um ser - humano mais "convidativo" saberá ir até a cozinha, trocar algumas frases e até conhecer o quarto. São poucos que chegam até lá. É o crivo do construtor. É a barreira seletiva dos que só chegam e dos que chegam lá!!!!!

Mas este caminho percorrido da sala ao quarto é a transposição de barreiras. Os indivíduos têm em seu peito barreiras que guardam seus segredos, suas preciosidades. Transpor essas barreiras, chegar ao fundo no conhecimento de alguém é receber um tesouro. Este construtor não seria, então, um desbravador a transpor barreiras?

Seria e o é. E deve ser por isso que você, cara leitora, está com ele. Para lhes transpor as barreiras e conhecer seus mais profundos segredos. E a recíproca dele é verdadeira também !!!

...

Mudos, calaram-se. A minha caneta terminou de falar por mim e se deu por satisfeita em transferir para o papel, e agora para a tela, algo que se reserva à esquina de cada um.

sábado, 5 de setembro de 2009

Trem bala

Agosto se passou com a rapidez da luz.
Á luz de novas realidades, vivo eu.
Eu caminho com a cabeça cheia de pensamentos.
Pensamentos esses que se traduzem em autoconhecimento.
Autoconhecimento significa ,em alguma medida, respeito.
Respeito a decisão alheia.

Atribulações do cotidiano agora me são frequentes.
Frequentes são as vezes que me pego refletindo sobre a vida.
Vida é algo que sempre se renova.
Renovo a mim mesmo.

Descobrir entre as coisas importantes a sua essência.
Essência é o que há de mais puro.

O amor como virtude, para que tenha sentido.