quarta-feira, 8 de abril de 2009

O seu tamanho

Relendo textos antigos que eu mesmo produzi e alguns textos recentíssimos produzidos para mim, notei algo sublime. Veja, nostálgico leitor, que algumas das afirmações que fazíamos com ares de certeza se voltaram contra nós mesmos, agora com ares de dúvida, questionando-nos.
Bala que ricocheteia.
O carrinho da montanha russa que chega ao ápice do trilho e volta de ré.
Boa imagem.

Nós somos exímios observadores da realidade alheia. Tecemos teorias, ou usamos das prontas, para indexar um rótulo. Estabelecer um paralelo desejável. Explicar uma situação.

Chegamos ao topo.

Abusamos das palavras, jogamo-las desencadeadamente pela folha. Saem belas frases: hipócritas. Há um quê de hipocrisia em todos nós. Sem exceção.
Pois bem, fica fácil analisar quando se está no alto. Olha-se com total imparcimonia a realidade logo ali abaixo.
Mas o carrinho desce.
O moinho gira, lembraria Cartola.

Reflita as linhas que outrora escreveu e veja quantas dicas foram dadas, quantos conselhos emprestados sendo que você era, ou seria, o protagonista. Note que estava tão mergulhado, inserido no contexto que se permitiu tecer "bulas" que mais vestiam o seu 36 do que aquele 42.

Olhe com carinho seus textos. Eles são mais inteligentes que nós, os seus autores. O que falta é o olhar cirúrgico e equilibrado para identificar as nuances. Elas saltam aos olhos do leitor atento e fogem aos do autor fugaz.

Um comentário:

Alice Agnelli disse...

às vezes eu me assusto com minhas próprias palavras.

outras vezes eu me impressiono.