quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Antecipando o que virá

Assento número 506. Quinta Avenida, esquina com a 42 na cidade de Nova York. Estou escrevendo esse texto dentro da Biblioteca Pública da Big Apple. Olho as pessoas ao meu redor; todos concentrados em seus laptops, certamente trabalham. Tenho Steeve ao meu lado; estudando: grande encontro entre a sua sobriedade, polidez e educação ante minha vivência latino-americana (entenda isso como quiser, sábio leitor).

Menos de um mês para eu voltar para o Brasil e já sinto uma necessidade absurda de voltar para esse lugar. Este específico lugar. Minha estada nos Estados Unidos é algo como o Carnaval no Brasil, tem que acabar em algum momento, apesar de todo o país querer continuar em festa.

Entenda, conterrâneo leitor, que o retorno denota uma porção de retornos. Não tenho medo de encará-los, mas uma preguiça incansável. Voltar à USP vai ser missão penosa. A faculdade de jornalismo é um antro de desapontamentos, decepções e fadiga. Obviamente não falo das pessoas, mas da maneira como a ECA se abateu: sem vida, repetitiva e mentirosa. Alguns fingem que estudam, outros fingem que ensinam e todos fazemos parte desse grande circo fadado à marmelada.

Voltarei para a família e amigos.
(Parágrafo dispensável e reticente)

Voltarei para a minha pátria: a língua portuguesa, citando Fernando Pessoa. Como é bom se comunicar fluentemente, sem pensar muito no que se diz: não cansar por falar. Vamos contar um causo: certa vez ajudei um japônes a encontrar a lavanderia do dormitório. O aventureiro nipônico não consegue pronunciar uma vírgula em inglês. Percebi nele uma vontade descomunal de dizer: "Muito obrigado, valeu mesmo!", mas nada saiu. Certas horas o interdito funciona para o receptor mas não satisfaz o emissor.

Se minha pátria é a língua portuguesa, também é o Brasil, de todos os problemas. Felicidade misturada a uma certa melancolia; em ver potencial e não ver vontade, em ver oportunidade e não ver predisposição.

Suiça, França, Alemanha, Espanha, Itália, República Dominicana, Coréia do Sul, Japão, Vietnã, Líbia, Arábia Saudita, Cazaquistão, Azerbaijão, Rússia, Israel, Argentina, Chile, Turquia: carrego um pouco de sua cultura comigo, muito bem enraizada em seus filhos.

Volto sim, com a certeza absoluta de estar mais maduro, mais confiante, mais humano. Entender que no fundo todo mundo e cabe entender todo "o mundo" não busca muito mais do que felicidade, bem estar e harmonia, cada qual vivendo à sua maneira, mas em paz. Aceitar as diferenças, mais do que um clichê, é uma lição de dignidade humana.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Bobagem

Definitivamente estou apaixonado.
Nova York tem proporcionado momentos impagaveis.

Uma conversa descompromissada numa esquina qualquer: aqui isso e cliche, e nao deixa de ser delicioso.

Um convite para um chocolate quente; aquecer os corpos.
Nao somente esquentar, talvez acalantar, dar sentido e vasao ao que nao se fala e absolutamente se faz.

Um compromisso para quando o retorno surgir. Pode ser que se desperte algo, a outra opcao nao me e interessante e, portanto, nao entra em minha delonga.

Para o leitor comum, talvez isso seja desconexo. Mas para voce, que nao e boba, isso pode vir a soar como um alinhamento de tudo que nos perseguiu.

Noite de fim para algumas almas brasileiras, noite sem fim para outras delas.