terça-feira, 20 de abril de 2010

Nonsense

Desenvolvi uma certa repulsa a lugares fechados, quentes e cheios de pessoas se expremendo. Tal resolução que me foi imposta pelo cérebro, e que digo a você, claustrofóbico leitor, é a pior das imposições, aflora como uma onda negativa que percorre o corpo e paraliza. Por esses dias, retornando à vida paulistana, após certo tempo em terras mais frias, fui a uma casa na famosa rua Augusta. Na companhia de meus amigos e de uma multidão tresloucada, a primeira respirada dentro do recinto me foi como um basta. Qualquer ser humano racional daria meia volta e hesitaria em retornar. Eu sempre decido lutar contra mim mesmo. Outra resolução, esta mais consciente.

O tempo foi passando e as más pulsações foram se esvaindo, até sumirem. Não sei que tipo de mecanismo me faz tão refém de minhas próprias emoções. Mais do que isso: eu sou o refém e ao mesmo tempo consigo ser a persona que inviabiliza o sucesso desse "rapto".

Não queria escrever linhas tão medíocres como essas, mas como sempre, falta inspiração (mentira, só tenho medo de começar a externá-la de fato ).

Vou lembrar três coisas que me tem acompanhado dioturnamente.
Desculpe o desvario que se seguirá.

Vocês três fazem uma triangulação intermunicipal, interestadual e internacional. Não sei em que pé da vida as conheci. Talvez no melhor para quem está fora, num não tão bom para quem já não está tão perto e um tempo como todos os outros para você que está perto. Conheci a de lá, profundamente. A de lá longe, desconheci. A de cá é uma incógnita. Cada qual me cativou, seja pela beleza, seja pela inteligência ou seja pelos dois em você.

Penso pouco no perto.
Muito no longe.
A média das duas é a outra.

Queria poder ter um satélite para acompanhar passos, viagens, destinos, idas e vindas que se seguissem. Pra que, dirá você? Também não sei. Hoje há um certo prazer mórbido em seguir a vida dos outros minuto a minuto se possível. Talvez tenha entrado nessa onda de maneira mais incisiva. Ou então seja um resquício ...

A de lá longe não volta.
A de lá também não.
A de cá estará sempre por perto.

Quais serão seus nomes? Saudade? Amor? Tristeza? Solidão?
Ou terão minhas delongas nomes próprios? Propriedade física e existência material?

Faça o exercício no silêncio íntimo e plástico de alguma noite. Distancie e aproxime ao seu bel prazer, como numa maré. A primeira onda que te arrebatar, é dela que você deve tomar cuidado, as outras se formam no fundo do olhar, mostram-se perigosas, mas não chegam na linha de arrebentação, são inofensivas, ou efêmeras.

Permita-se fazer esse mergulho pessoal, mas cuidado para não voltar sem fôlego.

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