domingo, 28 de março de 2010

Das cheganças e idas

Não bastasse o cansaço destes dias, ontem, quando coloquei a cabeça no travesseiro eu me lembrei de seu cheiro.

Quando das tuas cheganças intempestuosas e difíceis para mim.
Do meu retorno de ansiedade e temor.

Chega a ser cômico, se não fosse trágico, a maneira terna como olho para a outra parte vazia da cama. Nunca está vazia. O meu vazio é encarnado por alguma reminiscência confortante, que me faz rir de mim mesmo e pegar no sono. Talvez eu dê valor nisso hoje, há tempos o vazio era quase um abismo entre mim e meu eu exposto frente a mim.

Ainda nesse rompante de lembranças, escutei seus barulhos noturnos.
Fiz meus olhos vislumbrarem tua imagem dormindo, tão serena.

Reorganizei os desvarios que se mostravam para mim.

... cá estou, atento leitor ...

não fique preocupado, querido amigo que lê.

Com um certo regozijo dei as costas para a parte vazia da cama e desviei meus lampejos para algo mais concreto e que mereça o meu apreço, diferente destas memórias.

O que seria mais concreto do que o amor? Possivelmente o amor na sua forma dada e não na sua forma platônica. Amor na forma de amigos e paixões, fazendo referência á antigas letras que já passaram por aqui.

É pra vocês que estão lendo que eu sigo a jornada. Já disse reiterada vezes para cada qual de vocês, o quão importantes são. Especifiquemos vocês: os meus companheiros de faculdade, meus conterrâneos andradenses, amizades que fiz no primeiro estágio, amigos de pensionato, na minha primeira viagem de fato, meus familiares.

Um grande amigo um dia me perguntou sobre o que eu achava ser o pior defeito em uma pessoa. Respondi-lhe que a ingratidão se mostrava como uma característica desprezível.

É por conta do medo de ser ingrato que lhes agradeço a toda oportunidade que me surge. Por mais enfadonho que isso possa parecer para vocês.

Voltemos à minha lembrança.

Depois de dar as costas e fechar os olhos para mais uma noite ao lado do vazio, eu, quase sussurrando, lamentei a sua ida. Não por mim, mas por você ...

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