terça-feira, 6 de outubro de 2009

Novo horizonte em Pindorama

A escolha do Rio de Janeiro como a sede dos jogos olímpicos vem coroar o momento ímpar que o Brasil passa. Resultado não de um ou dois governos do presidente Lula, mas sim de quase duas décadas de estabilidade econômica, o país passa a ter peso indefectível no cenário externo. Os críticos e pessimistas já estão alvoroçados, defenestrando a escolha do Rio como ilógica e desmedida. O argumento deles baseia-se em prioridades, ou seja, a capital fluminense, o país como um todo, necessita de melhorias em áreas como a saúde e a educação a revelia de obras para a Olimpíada. Não obstante, citam o descalabro nos gastos com o Pan e seu legado para a cidade.

Ora, não se deve confundir as coisas. Obviamente o país possui muitas mazelas de ordem social. Ainda há analfabetismo, ainda há submoradia. Contudo, na história recente do mundo, não há caso parecido com o do Brasil. Em pouco mais de 40 anos nossa população aumentou em 100 milhões. Isso reflete e muito em hábitos, valores, costumes. Na sociologia costuma-se falar nas “dores do crescimento”. O Brasil ainda passa por elas. O Rio de Janeiro não é diferente. Os morros são reflexo dessa verdade.

A Olimpíada vem selar um novo contrato social entre população e governantes, ou o mais importante, um novo espírito de auto-reconhecimento. Os brasileiros nós sofremos da síndrome da subimportancia, tudo que ocorre em terras tupiniquins é pior do que no exterior. Somos a escumalha mundial. Esse novo pacto pode mostrar um novo país nascendo de estádios e ginásios. Um país que acredita na força do seu povo para crescer, em que os brasileiros se orgulhem de se dizer como tal. Não se trata de um discurso ufanista e sim o surgimento de uma verdadeira nacionalidade, morta pela ditadura.

É tempo de entender que o esporte tem o escopo de trazer o jovem para o exercício da cidadania. Na prática esportiva tem-se a noção de competitividade, respeito ao professor, hierarquia, disciplina, interação social. Ademais, temos os benefícios trazidos para a saúde com a prática esportiva. Em Copenhague, não foi o Rio quem ganhou, foi o Brasil. Em cada canto dessas terras tropicais haverá uma mobilização em torno do esporte. Ganhamos a oportunidade de construir uma geração diferente das que se sucederam até hoje. Formaremos uma nova juventude sedenta por esporte, é a Copa do Mundo em 2014, é a Olimpíada em 2016.

O pessimismo precisa sair do nosso arcabouço histórico. A hora é de apostas, de otimismo. Saber gerir os recursos que virão, saber administrar o volumoso montante de dinheiro público que estará disponível será tarefa árdua. Entretanto não maculemos algo antes que ele comece. A vitória do Rio conclama todo um país, na letra de Chico Buarque, “Estação Derradeira” ele diz: ”Rio de ladeiras, civilização encruzilhada, cada ribanceira é uma nação”. O desafio é dar alento a essas “nações”, fazê-las convergir para este novo contrato. Estamos diante de uma nova decisão para o Brasil.

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