quinta-feira, 7 de maio de 2009

Mau cheiro

O Brasil vai mal, caro leitor eleitor. A cada dia que abrimos os jornais nos deparamos com disparates mil. Detalhe: eles não atingem somente a esfera Legislativa, a mais nefasta, mas também corrompem o Executivo e o Judiciário. Justifico tal afirmação com dois exemplos patentes.
O primeiro, malfadado, diz respeito às passagens que os congressistas recebiam e utilizavam ao seu belprazer. Os meses que o contribuinte trabalha todo ano para ser revertido em imposto era gasto com voos de Eduardo Suplicy acompanhado da namorada para o exterior, de Luciana Genro para Protógenes Queiróz realizar palestras e até mesmo para Adriane Galisteu assistir ao Carnaval. Nada mais justo, não é? Mesmo porquê Suplicy é de família pobre em São Paulo, humilde, os Matarazo. Luciana Genro, sim a do PSOL, é filha de Tarso Genro, um pequeno proprietário do sul. Protógenes Queiróz é delegado federal, mas só isso, ganha o mínimo. Adriane Galisteu também passa por dificuldades, sua carreira na televisão mal paga o pão do café.
Magnífico.

Para colocar a cereja no bolo, o presidente Lula disse que as críticas são "hipócritas" e que na sua época de deputada ele também usufruiu de tal regalia para levar "companheiros" para lá e para cá. Claro ! Justíssimo !

Não bastasse tudo isso o deputado Sérgio Mendes ( PTB-RS ), que é relator do caso Edmar Moreira , ( sim, o do castelinho ), disse: " estou pouco me lixando para a opinião pública ( ... ) vocês batem, mas a gente se reelege".

A afirmação dele é epistolar e porque não dizer categórica. Infelizmente é verdade. A nossa democracia está viciada, comprometida e entulhada. A sociedade brasileira colocou a escumalha toda junta, toda a patuleia empoleirada. Não se consegue colocar a mão no fogo por ninguém, nem pelos que outrora carregavam a coroa da ética. A coroa está sem cabeça, ela é posta na vitrine para admiração popular, mas nenhum parlamentar tem capacidade moral de empunha-la.

Para concluir: o debate sobre reforma política ganhou força e tudo indica que o voto por lista fechada será aprovado por maioria simples. Ou seja, a única arma, ainda que fosse um estilingue, que tínhamos na mão que era tentar punir o transgressor não dando nosso voto pra ele, acabou. Votaremos em listas que se construirão pelo lobby, pelo jogo político, pelo interesse financeiro. Enfim, é a manobra irada para que eles se escondam, definivamente, atrás de uma cortina fétida.

Minha vontade é de escrever mais, mas meu estômago já está revirado.
O Congresso Nacional fede.

3 comentários:

Binho de Lira disse...

Ae Sorriso, entrei no mundo dos blogueiros. Adiciona meu blog ae, quem fala é o gabiruuuuuu.

http://umbaurusemtomate.blogspot.com/

Abraço

guerra(diário) disse...

Meu estômago também está revirado...

Me espanta voce, falando de caráter.
cômico, e trágico também... por que não?

Unknown disse...

Caríssimo,
A crise institucional do Congresso é gravíssima, tem conseqüências funestas para a construção de nossa trajetória democrática e, o que é mais chocante, não suscita nenhuma onda material de indignação. Declarações como as que ouvimos recentemente, em outras épocas resultaram na Revolução Francesa, na Revolução Russa, na ruptura global do status quo do poder.
Muito de sua interpretação revela sua orientação política pessoal (que, claro, é bastante diferente da minha: estou bem mais à esquerda que você), mas há algo realmente perturbador no seu texto – você aponta a dissonância entre a doutrina do poder e a práxis e isso ultrapassa a dimensão da orientação política. Em outras palavras, você coloca em xeque meus próprios mitos políticos, o que, confesso, é bastante desconfortável para mim. Du, isso, claro, tem muito a ver com seu estilo que está se tornando cada vez mais consistente, que está caminhando para uma direção mais analítica, mais substancialmente crítica, mais fundamentada nos conteúdos que você tem estudado na faculdade e alhures. Na linha de argumentação que você adotou há substratos do pensamento de Maquiavel, há elementos da discussão ética, há poderosas imagens de retórica (só posso me curvar frente a esse trecho por exemplo: “A coroa está sem cabeça, ela é posta na vitrine para admiração popular, mas nenhum parlamentar tem capacidade moral de empunha-la”). Gostaria muito de refutar suas constatações, mas, reconheço, meus argumentos estariam, nesse momento abaixo dos seus. Então, pontualmente me calo, mas, sinto-me cada vez mais estimulado a construir pontos de discordância a partir daquilo que você escreveu aqui. Contra-argumentar uma crítica fundamentada em fatos da natureza que você trouxe nesse texto eleva o nível do debate e isso, sem sombra de dúvida, é verdadeiramente excitante: essa é, aliás, a sua missão de comentarista da vida política.
Percebo agora que no meio de nossas inúmeras conversas nunca, nunca, nunca discutimos política, o que, convenhamos, é uma grande lacuna na nossa amizade.