sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sozinho

Ouço a vizinha tocar piano. Estou atento a tudo que se passa, porém não vejo nada. A energia acabou. No sofá, ao som de uma balada triste e de uma taça de vinho, reflito sobre mim mesmo. Este é o meu momento. O instante que me suporto. é difícil para mim. Imagino para os outros. O outrem reconhece em mim meus defeitos, minhas fissuras, meus nojos, a minha metade vil. O que será que ele enxerga? Alguns se arriscam e me dizem. Outros preferem o olhar da dúvida ou o do desdém. Se não bastasse, apontam o dedo, mas não me dão a solução, não procuram entender minhas aflições e agruras. Divago: acho que é o que mais tenho feito nesta quase total solidão.

A compania que outrora trouxe da terrinha me mostrou novas realidades que estou me acostumando a aprender. Sentados, olhando para um horizonte muito distante, pude perceber um sorriso em meu semblante. Contudo, ele estava longe, não de mim, mas de um sujeito que está em um lindo processo, meu amigo leitor. Uma metamorfose que é ladeada por verdadeiros amigos, verdadeiros amores. No plural. Amor este que insisto em dar, não abro mão, e sei que se consigo fazer brotar uma flor do asfalto de uns, conseguirei em você.

Dentre os textos que escrevi, esse me parece o mais esquizofrênico. É uma verborragia sem fim. Não paro para reler e não o farei. Gosto desse fogo, essa ânsia em escrever tudo. Desafogar todo o âmago. Escrever. Nunca as palavras darão conta. Serão sempre um presságio, um motivo, um viés; o caminho.

A luz voltou.

Meus olhos doem. A vizinha parou com o piano. Meu vinho acabou. Nada, porém, para ou apaga esse sujeito que tem gana pelo hoje, se entrega totalmente no que se propõe e, com fé, ruma para a trilha da felicidade; a tão buscada e tão vivida.

Um comentário:

Maria Joana disse...

"Não paro para reler e não o farei. Gosto desse fogo, essa ânsia em escrever tudo." =]